domingo, 17 de abril de 2011

PÁSCOA DE AMOR

Vamos subir aos céus, como Jesus
Sentindo a alma leve e flutuante
Deixar no chão tudo que é mau (não satisfaz)
E encontrar no alto nosso Deus amante!

Sentir que a vida não é somente sonhos
A luta é dura, perversa, mas convém.
Pois se o caminho é tortuoso e cansa,
Encontraremos ao fim,nosso supremo bem!

Vamos fazer por merecer a elevação
- Fraternidade, carinho e fé no coração -
Quando no alto, não nos esquecer
De quem precisa e que ficou no chão!

Vamos erguer o irmão dessa pobreza
E lhe mostrar que a vida fica bem melhor
Se na conquista da riqueza verdadeira
Tivermos no peito um coração maior!

Ressurreição e Páscoa triunfantes!
Após o sofrimento que acabou na cruz
Mas para nós seus filhos, reservou fiel
Eternidade ao seu lado, vida e muita luz!

segunda-feira, 11 de abril de 2011

PAINÉIS DE SÃO VICENTE DE FORA



É uma obra composta por seis painéis, criada essencialmente pelo pintor português Nuno Gonçalves entre 1470 e 1480.
Pintura a óleo e têmpera sobre madeira e está no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa.

Uma obra-prima da pintura portuguesa do século XV na qual, com estilo bastante seco mas poderosamente realista, se retratam figuras proeminentes da corte portuguesa de então, incluindo o que se presume ser um auto-retrato,e se atravessa toda a sociedade, da nobreza e clero até ao povo.

1º. Painel dos Frades
2º. Painel dos Pescadores
3º. Painel do Infante
4º. Painel do Arcebispo
5º. Painel dos Cavaleiros
6º. Painel da Relíquia

Investigações recentes, nomeadamente de Jorge Filipe de Almeida levam a concluir que os painéis foram pintados realmente por Nuno Gonçalves, cerca de 1445 e representam não S. Vicente, mas sim o funeral simbólico do Infante Santo.

domingo, 10 de abril de 2011

A ARTE DO ENVELHECER


Olhar a vida,
depois dos anos passados,
é perguntar ao tempo
o que foi feito mesmo
do tempo que nos foi dado.

Sentir que os cabelos embranqueceram,
os filhos sempre pequenos, cresceram;
apareceram deles outros herdeiros
e que tantos carnavais vividos
é sempre um convite para vive-los mais.

Viver mais, no limite máximo
que o desígnio do viver permita;
não ser econômico em gostar da vida:
fazer festa, ser a comida, a bebida,
ser espetáculo para ser visto e pedido bis.

Não ter vergonha de ser feliz,
Se quadrado, quadrado,
se moderno, moderno... e dai?

Passou o tempo de ter compostura,
mergulhar em alegria pura,
ser, como nunca dantes, audaz.

Saber-se obra por Deus construída
e jamais lamentar as feridas,
aos ingratos esboçar perdão,
das saudades fazer um colchão,
pra lembrar das maravilhas fruídas.

Ser idoso é coroamento
de um ciclo que o sol simboliza,
é passar de calor abrasante
que a força da juventude esparge
para o calor plácido e amigo
que, sem ele,
talvez nenhum ser sobreviva.

Envelhecer feliz
é provar que viver vale a pena.    
 
Roberto Caldas

segunda-feira, 4 de abril de 2011

ANUNCIAÇÃO





Surdo murmúrio do rio,
a deslizar, pausado, na planura.
Mensageiro moroso
dum recado comprido,
di-lo sem pressa ao alarmado ouvido
dos salgueirais:
a neve derreteu
nos píncaros da serra;
o gado berra
dentro dos currais,
a lembrar aos zagais
o fim do cativeiro;
anda no ar um perfumado cheiro
a terra revolvida;
o vento emudeceu;
o sol desceu;
a primavera vai chegar, florida.

Miguel Torga

sábado, 2 de abril de 2011

NOSTALGIA

Nesse País de lenda, que me encanta,
Ficaram meus brocados, que despi,
E as jóias que plas aias reparti
Como outras rosas de Rainha Santa!

Tanta opala que eu tinha! Tanta, tanta!
Foi por lá que as semeei e que as perdi...
Mostrem-se esse País onde eu nasci!
Mostrem-me o Reino de que eu sou Infanta!

Ó meu País de sonho e de ansiedade,
Não sei se esta quimera que me assombra,
É feita de mentira ou de verdade!

Quero voltar! Não sei por onde vim...
Ah! Não ser mais que a sombra duma sombra
Por entre tanta sombra igual a mim!

                            Florbela Espanca